Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) firma acordo de cooperação com Linköping University (LiU) que inclui uma parceria para desenvolvimento no setor aeronáutico.
A troca de conhecimentos acadêmicos entre Brasil e Suécia ganhou um novo e importante capítulo. No último mês de maio, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Linköping University (LiU) firmaram mais uma parceria marcada por forte intercâmbio de tecnologias, experiências e práticas que prometem contribuir muito para a área de pesquisa, principalmente no setor aeronáutico.
No Brasil, participam também do projeto a Fundação CERTI (fundação de pesquisa, desenvolvimento e serviços tecnológicos), a FAPESC e a Embraer. Já o lado sueco conta com a presença da Saab, do Royal Institute of Technology (KTH) e da Universidade Mälardalen. A duração prevista é de um ano e meio.
Entre os benefícios com a nova parceria, está a possibilidade de se economizar tempo e recursos com a realização de testes. Isso porque pesquisadores das duas universidades podem aproveitar o que há de melhor em cada país para realizar os seus experimentos. “A Suécia possui laboratórios de renome internacional que contam com equipamentos e técnicas muito específicas. Essa infraestrutura é muito cara e não há sentido haver replicação disso no Brasil”, explica Amir de Oliveira, professor Adjunto do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC.
Histórico
As relações são antigas. O primeiro acordo de convênio entre as duas universidades foi assinado em 2012. No entanto, a proximidade aumentou principalmente depois de 2013, quando o governo brasileiro decidiu comprar 36 caças supersônicos Gripen, produzidos pela Saab. Foi nessa época que o professor Petter Krus, da LiU, e sua equipe começaram a vir ao Brasil e a instituir uma frutífera rede de contatos que vem trazendo constantes desdobramentos.
“De maneira geral, acredito que nós na Suécia temos um networking maior que os pesquisadores brasileiros”, comenta Kruss, mencionando a distância geográfica do Brasil das grandes potências mundiais como um dos fatores que contribuem para o fenômeno. O professor é um defensor da colaboração científica, afirmando que a participação de várias pessoas no processo de construção do conhecimento é determinante para alavancar a qualidade da pesquisa.
Alessandra Holmo, Managing Director do CISB, lembra que o inicio da relação ocorreu a partir da inauguração do CISB em maio de 2011, o que possibilitou a criação de uma forte rede de pesquisadores entre atores do Brasil e da Suecia. Sérgio Gargioni, presidente da FAPESC, complementa que a nova parceria se intensificou a partir de encontros entre brasileiros e suecos em maio de 2016, quando os suecos vieram ao Brasil para participar de um seminário do CAPES. Já em fevereiro deste ano, uma missão da CONFAP, entidade então liderada por Gargioni, foi à Suécia participar de um evento com várias entidades de financiamento à pesquisa, entre elas a Vinnova. Na ocasião, a delegação realizou uma visita à LiU. “A partir disso ficamos estimulados a avançar nessa cooperação”, diz.
Intercâmbio de Conhecimento
Para o professor Oliveira, as escolas brasileiras têm muito a aprender com as instituições de ensino suecas. “O que aprecio muito na maneira sueca de trabalhar é uma grande objetividade na relação da hélice tripla (academia, empresas e indústria). Eles têm uma conexão muito bem estruturada de levar a ciência à aplicação final”, afirma. Por outro lado, o acadêmico acredita que a capacidade do pesquisador brasileiro de superar problemas, “de produzir mesmo em condições não ideais”, pode ser um grande exemplo aos suecos.
Petter Krus, por sua vez, salienta que o intercâmbio por si é de grande vantagem para ambos os lados. “Quando você conhece outro país e sua gente, é muito estimulante, gera mais ideias e cria incentivos para trabalhar mais duro”, diz. “Além disso, trabalhar em outro ambiente estimula a pessoa a sair de sua zona de conforto e atuar em novas áreas”, complementa.
Sérgio Gargioni, da Fapesc, enaltece a estrutura tecnológica de Santa Catarina, citando os bons conhecimentos principalmente nas áreas de Engenharia Mecânica, Eletrônica e de Controles, além de Sistemas Pneumáticos e Sistemas Digitais. “Essa colaboração tecnológica já existe dentro do projeto Gripen e temos muito mais a oferecer”, diz. Ele acredita que a parceria contribuirá para somar a experiência da universidade com empresas, possibilitando que a UFSC ofereça soluções importantes na área de aeronáutica.