Projeto de aeronave movida a tração humana chega ao Instituto Mauá de Tecnologia como um importante recurso para aumentar o engajamento dos alunos de Engenharia Mecânica. CISB se juntou à iniciativa dando todo apoio institucional.
Desde o início do segundo semestre deste ano, os alunos do Instituto Mauá de Tecnologia, de São Caetano do Sul (SP), vêm se deparando com um desafio diferente: projetar uma aeronave sem qualquer tipo de motor, movida apenas pela força humana. A tarefa não é nada fácil. “Imagine construir uma asa que tem de 20 a 30 metros de envergadura de ponta a ponta e que pesa no máximo 30 kg”, exemplifica o professor Joseph Saab Jr., idealizador do projeto HPA (Human-Powered Aircraft).
O mais curioso é que a instituição de ensino sequer conta com cursos na área de aeronáutica em sua grade curricular: os alunos envolvidos na iniciativa são estudantes de Engenharia Mecânica. Então, por que realizar um projeto como esses com estudantes de uma área teoricamente alheia à aviação? Saab explica que o intuito inicial é aumentar o engajamento em sala de aula, principalmente porque atividades de PBL (Project Based Learning), que é o caso do HPA, fogem do aspecto estritamente teórico. O modelo, aplicado há 17 anos em outros cursos da universidade, também costuma levar os alunos envolvidos a se destacar posteriormente como líderes no mercado de trabalho, já que os trabalhos realizados desenvolvem o senso de responsabilidade, cooperação e a liderança dos participantes.
Há outros fatores. “O valor agregado da indústria da aviação para o país é gigantesco. É importante trazer temas como esse para dentro da universidade”, conta o professor. Saab acrescenta que esse tipo de ação traz novas habilidades aos alunos ao incluir na grade curricular assuntos que normalmente não seriam abordados num curso de Engenharia Mecânica, possibilitando a formação de profissionais mais bem qualificados para competir no mercado.
A expectativa é que o programa tenha duração de 1,5 a 2 anos, sendo que os primeiros meses de atividades já vêm se mostrando promissores, principalmente com a entrada do CISB dando apoio institucional, o que vem abrindo portas para novas oportunidades. Uma delas foi a visita do professor Petter Krus, da Linköping Univeristy, ao IMT. “Passamos uma tarde juntos, trocando várias experiências como professores”, diz Saab. A instituição sueca, inclusive, já teve projetos de desenvolvimento de aeronaves movidas a força humana no passado, mas que foram descontinuados. Na conversa, porém, surgiu a possibilidade de os alunos suecos auxiliarem as pesquisas da universidade brasileira, numa parceria muito semelhante à firmada com outras instituições de ensino.
Outro fruto colhido a partir da entrada do CISB foi a retomada do contato com uma empresa homônima ao professor do IMT: a sueca Saab AB. Aliás, um encontro com representantes da companhia com o acadêmico foi realizado no último dia 10 de novembro como primeira parte de um possível entendimento de parceria, tudo para fazer o HPA alçar voos que vão muito além do ambiente acadêmico.