Entrevista realizada para o blog dos Escritórios de Ciência e Inovação da Suécia. Disponível em: https://sweden-science-
Conte um pouco sobre sua experiência profissional e onde você está trabalhando atualmente.
Alessandra: Sou engenheira de materiais e especialista em polímeros, formada pela Universidade Federal de São Carlos (1993). Sou pós-graduada em Marketing (1999) e Inovação Tecnológica (2006) pela ESPM, e Inteligência de Mercado pela FIA USP (2009).
Trabalhei por 17 anos em área técnica e de desenvolvimento de negócios em empresas petroquímicas de grande porte (nacional e multinacional), atuando diretamente com clientes do setor automotivo, eletrodoméstico, construção civil, óleo & gás e outros. Tive a oportunidade de grande exposição internacional em diversos momentos da carreira no setor, em virtude do impacto da globalização dos negócios.
Atualmente sou Managing Director (MD) do CISB (Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro), tendo iniciado na instituição em 2011 como Gerente de Portfolio de Projetos e Parcerias.
Quais foram os principais desafios para você chegar à sua posição sendo uma mulher?
Alessandra: Acredito que um dos maiores desafios da minha carreira foi quando, aos 35 anos, decidi entrar na área de inovação. Na época, esta área estava em fase inicial nas empresas do Brasil devido à recente Lei da Inovação (2004). Como eu não tive a oportunidade em empresas do setor petroquímico, decidi concentrar meus esforços em organizações do 3o setor, obtendo sucesso quando o CISB foi criado em maio de 2011. Então, como mulher, o principal desafio sempre foi conseguir oportunidades, pois embora tenha sempre investido na minha capacitação, as oportunidades ainda são muito limitadas.
Como você percebe a mudança e o aumento da participação das mulheres nas áreas de ciência e Inovação no Brasil?
Alessandra: De uma forma geral, temos encontrado um novo ambiente no Brasil para as mulheres, onde se discute muito o empoderamento feminino e a falta de oportunidades. Vejo que vários grupos de discussões tem sido criados no sentido de fortalecer a atuação das mulheres.
Especificamente na área de ciência e inovação, vejo o aumento gradativo de mulheres ocupando posições chave, principalmente dentro de grandes empresas. Entretanto, ainda estamos longe do que realmente merecemos, embora já tenhamos atingido a maioria de matrículas em cursos de pós-graduação no Brasil, segundo dados da CAPES de 2015.
Recentemente a ANPEI organizou o 1o Fórum das Mulheres Inovadoras, que contou com relatos de diversas mulheres sobre suas trajetórias no empreendedorismo e como conseguiram inovar dentro de seus setores. Iniciativas como este Fórum devem ser estimuladas para descontruir as barreiras e criar incentivos para as carreiras das mulheres em Ciência e Inovação no Brasil.
O que é o CISB e como a Suécia e o Brasil estão trabalhando juntos?
Alessandra: O CISB é uma associação privada sem fins lucrativos, estabelecido em maio de 2011. Atualmente possui 17 associados da indústria, centros de pesquisa e academia da Suécia e do Brasil.
Inspirado no Modelo Sueco da Hélice Tripla, o CISB atua como um facilitador para a cooperação e um catalisador para diversas iniciativas. Seu objetivo é fornecer soluções para problemas globais e sociais complexos que só podem ser resolvidos por meio de redes multi-institucionais formadas por atores da indústria, academia (ensino e pesquisa) e governo em arenas de inovação aberta.
Em diversas de suas iniciativas, a instituição considera de extrema importância a participação de mulheres, quer seja no quadro de colaboradores, comitês internos ou como keynote speakers a fim de integrar seus eventos e missões internacionais.
Entrevista realizada para o blog dos Escritórios de Ciência e Inovação da Suécia. Disponível em: https://sweden-science-