Ao ser atingida por descargas atmosféricas, uma aeronave pode sofrer grandes danos além de causar apreensão nos passageiros. Com o objetivo de aumentar a segurança dos voos e melhor proteger as aeronaves contra descargas atmosféricas, as instituições Chalmers University of Technology e Universidade Federal do ABC (UFABC), juntamente às empresas suecas Saab AB, 2D Fab e Blackwing estabeleceram uma parceria em 2014, com o apoio do CISB, e iniciaram o projeto Multigraph – Multi-functional composite structure with Graphene.
Durante um período de dois anos, o grupo realizou pesquisas básicas e aplicadas que envolveram diferentes etapas de desenvolvimento de novos componentes, como modelagem matemática, desenvolvimento experimental em escala de laboratório e em escala piloto. De acordo com Danilo Carastan, professor na UFABC e líder do projeto no Brasil, “a distância entre Brasil e Suécia não foi empecilho para o desenvolvimento da pesquisa. Nós realizamos reuniões periódicas por videoconferência que garantiram a condução do projeto seguindo o cronograma proposto”.
“Tínhamos uma clara necessidade industrial que foi desenvolvida através de uma combinação de trabalho experimental e teórico. A utilização da pesquisa aplicada e básica foi necessária para entender as propriedades fundamentais dos materiais, a fim de saber como fazer as misturas certas e usar as técnicas certas.” conta Linnea Selegård, líder do projeto na Saab AB.
Como resultado da colaboração, foi criado um novo material capaz de aumentar a resistência mecânica e a condutividade elétrica, utilizando as propriedades multifuncionais do grafeno. A nova solução, diferentes dos materiais de cobre utilizados convencionalmente nas aeronaves, produz proteções estruturais leves, multifuncionais e de fácil manutenção contra descargas atmosféricas.
Professor Danilo acredita que o projeto foi um sucesso, mas diz que desenvolver um estudo como esse, que envolve diversas empresas e universidades de dois países extremamente diferentes, é algo desafiador. “É preciso haver compreensão, maturidade e empenho de cada parte para enfrentar as adversidades que surgirão no meio do caminho, pois no final haverá ganhos de todos os lados pela troca de experiências que um projeto desse tipo trará.” diz ele.
Linnea concorda e afirma que o avanço é maior quando empresas e acadêmicos trabalham em conjunto. “É muito importante ter uma constelação de talentos que olhe para o problema de perspectivas diferentes e conhecimentos também diversos”.
Como continuidade da parceria, o Prof. Carastan já indica os próximos passos: “Estamos trabalhando no desenvolvimento de novos projetos envolvendo materiais para aplicações aeroespaciais. Um deles, “GraphAero”, envolve a produção de materiais termoplásticos contendo grafeno para aplicações aeronáuticas, sendo a continuação direta do projeto Multigraph. O outro, “Manufacturing in Space”, envolve o desenvolvimento de materiais otimizados para construção de estruturas no espaço.”.