O conceito de economia circular surgiu a partir dos esforços para implementar o desenvolvimento sustentável global. Qual o papel da bioeconomia na formação de uma economia circular nas cidades? Um consórcio entra parceiros suecos e brasileiros explora possíveis trajetórias começando com a cidade de Curitiba, Brasil.
Um dos desafios mais preocupantes enfrentados pelas grandes áreas urbanas é relacionado ao controle de resíduos sólidos. Aproximadamente 70% do lixo do mundo é produzido nas cidades. Parte significante desse lixo é orgânico e pode vir a fazer parte de um ciclo circular global.
Neste contexto, bioenergia consegue transformar alguns desses desafios em oportunidades. Tais transformações podem ter grande impacto na eficiência de recursos e emissões de gases de efeito estufa.
Os caminhos para alcançar a gestão sustentável de resíduos devem seguir uma hierarquia de redução de resíduos, reutilização, reciclagem e recuperação de materiais e energia. Para explorar isso em sistemas urbanos de base biológica, um projeto conjunto está sendo realizado desenvolvido pela Royal Institute of Technology (KTH) e por organizações brasileiras dentro da academia, bem como setores públicos e privados, sob o MoU entre KTH e a cidade de Curitiba.
O projeto está intimamente conectado à criação de um centro de referência para agricultura urbana em Curitiba, o qual foi inaugurado durante as Semanas de Inovação Suécia Brasil 2017 pelo prefeito Rafael Greca.
Curitiba é pioneira em soluções de sustentabilidade urbana. O conceito de mobilidade em torno dos ônibus de trânsito rápido é bem conhecido pela comunidade internacional. Mas a cidade também foi pioneira em ações sociais e ambientais inovadoras, que são altamente interessantes na agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Anteriormente, Curitiba desenvolveu um programa de sucesso para a produção de alimentos de baixo custo na região metropolitana. A cidade também iniciou várias campanhas para lidar com a eliminação de resíduos.
As autoridades municipais reconhecem que repensar os sistemas de controle de resíduos da cidade tem potencial para gerar benefícios sociais, econômicos e ambientais. Portanto, a cidade está agora empenhada em explorar as ligações entre a produção de alimentos nos centros urbanos e a gestão de resíduos sólidos. A ideia é desenvolver um modelo de recuperação circular de base biológica para as cidades.
Ao utilizar os esquemas sociais existentes em Curitiba, aplica-se uma abordagem de baixo para cima para vincular agendas sociais e ambientais à nível local. Iniciativas locais são combinadas com conhecimento científico para explorar novos caminhos de desenvolvimento que abordam metas de desenvolvimento locais e globais.
O projeto aumentará a compreensão sobre o conceito de bioeconomia circular e os requisitos para implementar as transformações necessárias nas cidades. Em última análise, os resultados fornecerão uma estrutura para ajudar as cidades a desenvolver um controle efetivo de resíduos sólidos. Curitiba é um ótimo lugar para começar. As lições serão certamente valiosas para outras cidades do Brasil e do mundo.
O projeto começou em janeiro de 2018 e terá duração de 4 anos por meio de recursos da FORMAS (organização sueca de financiamento à pesquisa). O projeto é liderado pelas professoras Semida Silveira, da KTH Royal Institute of Technology, e Selma Cubas, da UFPR (Universidade Federal do Paraná). Outras entidades participantes são a Universidade Federal de Tecnologia do Paraná (UTFPR) e a Secretaria de Meio Ambiente de Curitiba (SMMA). Para mais informações, visite https://www.kth.se/en/itm/inst/energiteknik/forskning/ecs/projects/bio-based-circular-e