Brasil sedia o 13º Workshop da associação ERCOFTAC no setor de estabilidade de fluxo. Evento teve especial importância por ser o primeiro realizado fora da Europa e por reunir importantes atores do segmento de todo o mundo.
Desde 1999, membros do chamado SIG 33 (Special Interest Group on Transition Mechanisms, Prediction and Control) têm organizado reuniões para discutir importantes questões referentes à pesquisa aeroespacial e outros temas. SIG 33 é vinculado ao ERCOFTAC, uma associação europeia que promove esforços coletivos de institutos de pesquisa e indústrias ativas em todos os aspectos de Escoamento, Turbulência e Combustão.
Os pesquisadores envolvidos ao ERCOFTAC focam em entender a transição do escoamento laminar para o turbulento e formas de controle. Esse é um tópico de grande importância para projeto de aeronaves com baixa resistência aerodinâmica, o que resulta na redução do consumo de combustível e na poluição.
Este ano, após quase duas décadas, o encontro foi realizado pela primeira vez fora da Europa. O 13º Workshop ERCOFTAC SIG 33 ocorreu entre os dias 6 e 8 de março em Paraty (RJ) e contou com cerca de 40 participantes de todo o mundo para uma profunda troca de conhecimentos e fortalecimento de networking.
Ao longo dos dias, os participantes apresentaram suas pesquisas (investigações teóricas e estudos experimentais e numéricos), compartilharam suas ideias e as discutiram com os colegas presentes. “Convidamos as pessoas que têm publicado trabalhos relevantes de forma mais consistente”, explica o professor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), André Cavalieri, um dos organizadores do evento. Ele lembra que foi uma importante oportunidade para que os brasileiros tivessem contato com o que há de mais avançado no conhecimento internacional na área.
A escolha do Brasil como o primeiro país não europeu a sediar um evento do SIG 33 ocorreu graças ao CISB. A entidade vem liderando um programa de colaboração entre instituições do Brasil e da Suécia desde 2011, sendo que um dos resultados mais evidentes é a formação um programa de cátedras no ITA lideradas por pesquisadores suecos. O professor Dan Henningson, do Royal Institute of Technology (KTH) vem conduzindo uma dessas cátedras há mais de um ano, fortalecendo o vínculo entre KTH e ITA.
“Isso gerou uma colaboração próxima com os grupos de pesquisa dos professores Cavalieri e Flávio Silvestre, do ITA, e do grupo do professor Marcello Faraco de Medeiros, da USP São Carlos, e com o departamento de Mecânica do KTH”, explica Ardeshir Hanifi, professor do KTH e coordenador do SIG 33. Hanifi, que também atuou como organizador do evento, lembra ainda que o ERCOFTAC visa se internacionalizar e o Brasil é um dos países que já receberam uma unidade dos chamados Centro-Piloto da entidade, tornando-se um alvo interessante para essa nova etapa. “Queremos ampliar a nossa colaboração com o país e entendemos que organizar um dos workshops no país seria um bom passo nessa direção”, completa.
O encontro foi importante também para fortalecer os laços entre pesquisadores brasileiros, já que os grupos de pesquisa estão muito fragmentados por universidades espalhadas por todo o país. De fato, um dos objetivos da escolha de Paraty como sede do encontro foi justamente ampliar a interação entre os participantes.
“Sempre escolhemos lugares pequenos para realizar o evento, pois facilitam a interação entre as pessoas”, explica Hanifi. A parte científica do encontro (apresentações de trabalhos no primeiro e terceiro dias intercalados com um passeio de barco com todos os participantes no segundo) foi pensada justamente para facilitar os relacionamentos.
Professor Cavalieri (ITA) comemora os feedbacks favoráveis que vem recebendo e ainda enaltece outro ponto positivo da conferência. “Muitos alunos de pós-graduação apresentaram seus trabalhos e puderam interagir com importantes pesquisadores internacionais. Para quem está começando, ter rapidamente a possibilidade de interagir com pessoas-chave da área torna tudo mais fácil, pois manter contato com quem já fez trabalhos semelhantes evita que o aluno caia em armadilhas durante o desenvolvimento do trabalho, conseguindo assim um avanço mais rápido”, diz.