Alessandra Holmo, diretora executiva do CISB, iniciou o painel com uma contextualização da parceria CNPq-CISB, firmada em setembro de 2011. O acordo contou com a parceria da empresa sueca Saab AB e disponibilizou 100 bolsas de doutorado-sanduíche e pós-doutorado, distribuídas em quatro chamadas para projetos Foram concedidas 44 bolsas no âmbito do Programa Ciências sem Fronteira,  e dentre os beneficiados, estavam os convidados do webinar, Danilo Carastan, professor associado na Universidade Federal do ABC e Luís Gonzaga Trabasso, professor aposentado do ITA e atualmente, Pesquisador Chefe no Instituto SENAI de Inovação em Processamento a Laser em Santa Catarina.

Trabasso abriu a discussão comentando que sua motivação para realizar o pós-doutorado na Suécia se deu devido à taxa de 80% dos acidentes e incidentes aeronáuticos serem causados por fatores humanos. “Esse número sempre me incomodou e eu vi nessa oportunidade, uma forma de trazer a pesquisa para o Brasil. Então, estudei e pesquisei laboratórios na Suécia e para meu pós-doutorado, apresentei um plano de ação de implementação para um laboratório de Fatores Humanos no ITA.” disse o fundador do centro de Competência em Manufatura do ITA.

O professor da UFABC, Danilo Carastan, contou que não teve nenhum contato prévio com os projetos ou com a Suécia e que soube da iniciativa por meio da divulgação na UFABC. “Quando eu vi a oportunidade, tive interesse, mas me pareceu algo bem distante. Pensei que caso desse certo, os resultados e parcerias poderiam ser muito interessantes. E assim, em 2015 com apoio do CISB, fui para Suécia discutir projetos em parcerias com Saab. Definitivamente uma experiência desafiadora, mas com resultados muito positivos.”

O coordenador geral da cooperação internacional do CNPq, Lelio Fellows Filho, reiterou a importância da parceria com o CISB, que há anos vem sendo bem sucedida. “Para nós do CNPq é muito gratificante ouvir os testemunhos de bolsistas, ver suas trajetórias de sucesso anos depois, o que nos incentiva a continuar com o trabalho.”

A questão burocrática do Brasil em comparação à Suécia também foi abordada no painel. “Tivemos oportunidade de escrever um projeto com financiamento bilateral e eu tive que lidar com a parte legal dos dois países, e ali foi um choque. Os formulários da Suécia eram extremamente diretos com algumas páginas apenas, já os do Brasil eram bem maiores, mas continham as mesmas informações. Entendi que a confiança reflete na facilidade das coisas, de forma que foi um dos aprendizados que obtive e realmente acredito que precisamos nos espelhar mais nesse aspecto sueco.” comentou Trabasso.

Fellows complementou que para as agências nacionais, o desafio é o mesmo. “É necessário que haja uma reforma nessas normas e a automatização desses processos, algo que já está acontecendo, mas de forma lenta. Avalio que a questão do risco e erro é algo que culturalmente não está entranhado nos brasileiros. Acreditamos que o sucesso só acontece se não houver nenhum tipo de erro ou não corrermos risco, quando na verdade é oposto. É preciso errar pra aprender, arriscar para ter sucesso. Essa percepção é importante para mudar o mindset de pesquisadores e empresas.” disse.

Durante o webinar, os convidados trataram sobre continuidade de projetos, interação universidade-empresa, inclusão na inovação e o desafio na busca por parcerias com mais empresas e instituições. “Os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT’s), possuem um papel fundamental em trazer a visão empresarial aos centros de pesquisa. As novas bolsas oferecidas por nós têm a expectativa de fornecer a formação de mestrado e doutorado em um ambiente empresarial, ou seja, desenvolver pesquisas e produção com a visão da empresa. O CNPq está focando nessa direção porque visa justamente a futura captação de empresas que possam colaborar e realizar mais projetos importantes.” concluiu o engenheiro, Lelio Fellows.

Alessandra Holmo encerrou a sessão informando que novas ações e chamadas conjuntas oriundas da frutífera parceria entre CNPq, CISB e Saab AB serão divulgadas até o final do ano de 2020.

Para assistir o webinar na íntegra, acesse: https://youtu.be/lnW_I0yYPHk