Os responsáveis pelo IME (Instituto Militar de Engenharia), do Rio de Janeiro, tiveram uma enorme surpresa nos primeiros anos desta década. À medida que foram intensificando intercâmbio em universidades estrangeiras, os alunos da instituição passaram a demandar mudanças no sistema de ensino, o qual classificaram como limitado a palestras, lousas, livros e provas, mesmo o IME sendo considerado um centro de excelência.
Entre as exigências estavam a adoção de mais atividades práticas e o ensino de novas habilidades pessoais e interpessoais, assuntos que os alunos haviam visto e vivenciado no exterior.
Após um processo de seleção, o IME acabou optando pela adoção da metodologia CDIO como maneira de transformar o seu currículo. Criada em 2.000 num esforço conjunto de três universidades suecas (Royal Institute of Tecknology (KTH), Chalmers Institute of Technology e Linköping University) e o Massachussets Institute of Technology (MIT) a novidade parte do pressuposto de que o ensino de engenharia deve se enquadrar aos novos tempos e não ser limitado a questões técnicas.
Na visão do CDIO, os engenheiros devem ser capazes de conceber, desenhar, implementar e operar complexos sistemas de engenharia em um ambiente moderno, baseado no trabalho em equipe. “O CDIO dará aos formandos mais habilidade para aplicar seu conhecimento em problemas reais”, explica o professor da Universidade de Linköping, Svante Gunnarsson, que participou no desenvolvimento da metodologia.
O conceito se espalhou rapidamente pelo mundo. Atualmente, mais de 100 universidades conceituadas adotam a metodologia na educação em engenharia. Não demorou para que as indústrias também passassem a olhar com interesse o novo perfil de profissionais que chegou ao mercado.
Essa é uma das razões que explica o fato de o próximo Congresso Brasileiro de Inovação, organizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) entre os dias 27 e 28 de junho, ter Gunnarsson como convidado.
“Estou muito honrado com o convite”, diz o professor. Gunnarsson afirma que aproveitará a oportunidade para enfatizar “como a metodologia CDIO pode contribuir com o desenvolvimento da educação em engenharia, tornando os formandos mais aptos a exercer sua profissão”. Entre as habilidades proporcionadas, ele cita “o desenvolvimento de soluções inovadoras para as necessidades da indústria e da sociedade”.
A presença do professor no evento é fruto do trabalho de articulação do CISB, que tem a universidade de Linköping como um de seus membros. A ação marca mais um passo na consolidação do trabalho da instituição na aproximação da academia com a indústria, um intercâmbio que o próprio Gunnarsson define como “de grande valor para ambas as partes”.