CISB e parceiro oficial em projeto Brasil-Europa. Objetivo é a utilização da chamada Internet das Coisas para criar sistemas de irrigação inteligentes capazes de otimizar o uso de água para reduzir custos, aumentar produtividade do agronegócio e preservar recursos naturais do planeta.
Um importante marco no uso consciente de água está sendo escrito por pesquisadores brasileiros e europeus. A partir da utilização da chamada Internet das Coisas, um sistema inteligente de irrigação promete trazer maior produtividade aos produtores e ainda poupar recursos hídricos, uma ação primordial tendo em vista que, hoje, a agricultura surge como responsável por 70% do consumo mundial de água.
Batizado de SWAMP (Smart Water Management Platform), o projeto visa espalhar sensores de baixo custo que detectam a real necessidade de irrigação nas áreas cultivadas. A tecnologia é de ponta e envolve, inclusive, a utilização de drones para fazer as medições. “Tanto no Brasil quanto no exterior, é comum que a irrigação seja feita sem parâmetros científicos. Isso implica no uso de mais água do que o necessário”, explica André Torre Neto, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), um dos parceiros no projeto. A prática, além do desperdício, gera o chamado processo de lixiviação, em que o excesso de água tira parte dos nutrientes das plantas, levando-os ao solo, juntamente com eventuais agrotóxicos. “Usar os recursos hídricos na medida certa é decisivo para melhor produtividade”, diz.
Além do Embrapa, participam outras 11 instituições brasileiras e europeias, entre elas estão a Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade de Bologna, na Itália, Intercrop, da Espanha, e VTT Technical Research Centre, da Finlândia. O CISB, por sua vez, se encarregará da plataforma disseminação do projeto, tanto no âmbito brasileiro quanto internacional.
Segundo o líder brasileiro do SWAMP, professor Carlos Alberto Kamienski, da UFABC, uma quantidade significativa de dados levantados pelos sensores deverá ser armazenada em nuvem para posterior processamento e análise. Com isso, o projeto abordará diferentes tecnologias, como computação em nuvem, processamento em alto desempenho, 5G e internet das coisas.
Kamienski explica que quatro pilotos serão tocados por três anos a partir de dezembro de 2017: dois no Brasil e dois na Europa. As aplicações brasileiras ocorrerão estrategicamente em uma vinícola no estado de São Paulo e em plantações de soja na região denominada Matopiba, que contempla os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. “Assim, serão analisadas diferentes tipos de culturas que utilizam tipos variados de irrigação”, diz.
Boa parte do trabalho técnico está sendo conduzido pelo VTT. Para Juha-Pekka Soininen, cientista-chefe da entidade, um dos grandes desafios previstos será a criação de soluções que vão além dos pilotos. “A replicação, repetição, mensuração do impacto na agricultura, capacidade de transferência a outros usos são as questões principais”, pontua.
A proposta desse consórcio internacional concorreu com outras 50 submetidas envolvendo mais de 300 instituições dentro do âmbito da 4a chamada coordenada Brasil-Europa em Tecnologia de Informação e Comunicação. No total, o SWAMP será contemplado com recursos de 1,5 milhão de euros.